terça-feira, maio 25, 2010

A fila

Onze da manhã desta terça, saí com um amigo meu pra ir no sebo, ver um livro que segundo ele não é mais publicado, ele achou. Eis que passamos ao lado do Teatro da Caixa e vi uma fila que dobrava a esquina, e cada pessoa estava ali para comprar o ingresso do Tom Zé, pra sexta, sábado e domingo. Entrei também na tal fila, descobri que não passava cartão, deixei o amigo lá e fui tirar dinheiro, quatro quadras, descobri que só tinha desconto quem tinha o cartão da caixa, mais seis quadras, e dois telefonemas. Após duas horas na fila, encontrei um cachorro parecido com a Cecília, o Jimmy, preto com o peito branquinho igual ela e quando passei e vi ele, eu abri um sorriso e fiquei lá feliz, fazendo um cafuné. Ele teve que andar com a dona que seguia a fila e eu voltei pro meu lugar. Mais cinco minutos, e ouço uma voz falando que acabara os ingressos, daí eu pensei que era esperado mesmo, porque a Caixa só me dá dor de cabeça, é cartão clonado, é ingresso que tem que ter o cartão, é fila, é mil pessoas no banco, enfim o samba do criolo doido ao pé da letra. Tudo bem, perdi duas horas pensando nos ingressos, mas do lado de um amigo, do lado de gente conversando sobre tudo, de um violão cantando no fim da fila, e apesar de tudo fiquei feliz e pensei no Jimmi ali com seus olhos pretos, e apesar dele ter recebido meu cafuné mais carinhoso, na verdade foi ele que me fez dar um sorriso que eu precisava pra não ficar brava com um banco. Ando com saudades demais, quando caminho pelas ruas, em cada canto, cada detalhe, algo me traz lembranças e sonhos que guardo no lugar mais quentinho de meu coração e para isso não é preciso fila apenas um pouco de paciência, creio eu.